Padre José Calvi

Sintese Biográfica de Padre José Calvi

O Pe. José Calvi nasceu em Cortemilia, Itália, no dia 01 de maio de 1901, filho de João Calvi e Madalena Lustrini, viveu a sua infância numa família bastante pobre, de bons princípios católicos. Por isso mesmo foi batizado quando tinha apenas uma semana de vida, aos 7 de maio do mesmo ano, na Paróquia de San Pantaleo, em Cortemilia, onde foi educado e, desde pequeno, conduzido para o catecismo e aos sacramentos, o que lhe possibilitou receber o sacramento do Crisma aos 9 anos no dia 21 de setembro de 1910 na mesma Paróquia. Testemunhará sobre o ainda adolescente José, o padre Vacchetto que muito bem o conhecia, pois era freqüentador da casa de sua família, ao dizer:

“Conheci-o na idade de 11 anos e dele não recordo nenhum defeito. Era sempre dócil, calmo e sorridente. No catecismo era muito assíduo, atento e estudioso…”.

Não apenas o Padre que o conheceu em sua infância deu ótimas referências sobre ele, mas também muitas pessoas que o conheceram durante a sua infância foram unânimes em afirmar e em ressaltar as suas brilhantes qualidades. Ele, muito embora de saúde frágil, se distinguia pela bondade, pela aplicação nos estudos e pelo gosto das coisas de Deus. O exemplo de amor e de caridade que a mãe do jovem José lhe deu, marcou-o por toda a vida, a ponto de ainda criança exclamar: “Ó bom Deus, fazei-me filho digno de minha mãe”. Nem mesmo a sua saúde frágil o fazia ficar para traz nos estudos, aliás, era um dos melhores alunos e muito querido pelos colegas e professores na escola pública onde estudava. Por isso, ao terminar o quinto ano primário, em 1914, tinha em mãos a declaração de boa conduta de Pe. Miguel Coroglia na qual em poucas palavras se lia:

“Declaro que é um jovem de louvável conduta, que assiste com piedade às funções litúrgicas, que participa com freqüência dos santos sacramentos e que, portanto, parece ser chamado para o estado religioso”.

Neste mesmo ano, iniciou a sua caminhada de preparação à vida religiosa no seminário de Asti, da Congregação dos Oblatos de São José. Juntamente com sua simplicidade e bondade, trazia também um grande desejo de ser bom e de se preparar seriamente para o sacerdócio. Este seu intenso desejo fez com que no seminário se empenhasse no cumprimento dos seus deveres. Tanto é verdade, que foram vários os seus colegas de seminário a não titubearem em testemunhar suas belas qualidades e exemplos “Não notei nenhum defeito nele que pudesse ser voluntário. Não tinha nada de extraordinário exteriormente, mas fazia tudo com toda precisão e exatidão e esse seu comportamento era tão habitual que lhe parecia natural… Foi extraordinário nas coisas ordinárias”, dizia um dos seus colegas. Também o seu mestre de noviciado testemunha que o apontara como modelo de obediência, de piedade e de exemplo na vida de comunidade para os demais colegas e que se destacava no seu espírito de oração e na sua modéstia.

Toda a sua vida de formação foi plasmada na obediência, no espírito de oração e de sacrifícios (muito mais porque era bastante doente) e sempre dócil à vontade de Deus. Devotíssimo de Nossa Senhora, a terá como sua protetora; amante da eucaristia, não deixará jamais a ocasião de se alimentar de Cristo e tudo isso ele demonstrará e viverá durante toda a sua vida. Entusiasta pela vida de consagração a Deus, se esmerará por cumprir com total dedicação todas as etapas de preparação no seminário, consagrando-se definitivamente a Deus com a profissão perpétua aos 5 de outubro de 1925.

Ordenado sacerdote no dia 26 de julho em Asti – Itália, imediatamente pediu aos superiores para ser missionário na Brasil. Contudo, o seu desejo esbarrava-se em dois obstáculos: a sua saúde bastante precária e a dificuldade da dispensa militar, obstáculos estes que venceu primeiro recebendo a dispensa do serviço militar em virtude do trabalho missionário e, depois, vencendo a resistência de quem não desejasse que fosse missionário alegando que se o exército o tinha como apto, por que também não seria ele apto para o trabalho missionário. Assim, no dia 16 de setembro de 1926, poucos meses depois de ordenado, partiu para o Brasil e, logo ao chegar a terras brasileiras, teve como seu primeiro campo de apostolado o “Abrigo de Menores” de Curitiba, junto aos menores abandonados, que eram internos deste instituto educativo do governo do Paraná. Ali dedicará, enquanto a sua saúde lhe permitir, na educação destes adolescentes e jovens dando-lhes afeto, calor humano, princípios cristãos e, sobretudo, exemplos edificantes.

Seu trabalho como educador no “Abrigo dos Menores” não durou muito tempo, pois sua saúde precária, agravada pela tuberculose, fez com que no início do ano de 1928 fosse internado no Sanatório São Roque da Lapa, onde permanecerá pela primeira vez por 1 ano e 4 meses, depois do qual passará aproximadamente 3 anos como vigário paroquial em Paranaguá, onde trabalhará com afinco, passando horas a fio dentro do confessionário, tornando-se para todos um apóstolo do confessionário e depois outros 3 anos na Igreja Sagrado Coração da Água Verde, em Curitiba, também como vigário paroquial. Neste campo de apostolado, deixará uma inesquecível lembrança de sua pessoa e de seus trabalhos pastorais. Sua pessoa e sua dedicação marcaram tanto as pessoas que inclusive não passará despercebido ao arcebispo Dom João Braga e também a Dom Henrique Golland Trindade que sobre ele assim declarou:

“Conservo ainda algumas de suas cartas. Que santinho aquele padre”.

A partir de janeiro de 1936 voltará novamente ao Sanatório da Lapa e este local se constituirá o campo mais fértil de seu apostolado, pois ali com a sua presença as práticas religiosas reflorescerão. Seu apostolado neste Sanatório, mais do que no exercício de capelão, será um apostolado do exemplo, onde deixará transparecer, sobretudo o amor a Deus, o zelo pela salvação das almas, a humildade, a simplicidade e a sua inalterável paciência. Será ele que com seu apostolado quem dará para os doentes a mais viva fé e ardente piedade à eucaristia. Todos os doentes nutrirão por ele uma grande admiração e o terão como um santo. Durante o tempo em que viveu no Sanatório suscitou inúmeras conversões de espíritas, descrentes, protestantes e até ateus. Muito embora a presença de Pe. Calvi no Sanatório fosse para debelar a tuberculose, a preocupação mais latente em seu coração era aquela de servir ao Senhor na pessoa dos que com ele ali viviam a mesma situação e o mesmo desafio da doença. Neste Sanatório paranaense o Pe. Calvi viverá complexivamente quase 9 anos, sendo doente entre os doentes, sendo um apóstolo, um pai, um irmão, um amigo de cada doente.

Exerceu o seu ministério sacerdotal sendo um exemplar e zeloso missionário por todos os lugares em que passou. A respeito de seu trabalho apostólico, ele mesmo dizia que o sacerdote é um pai para todos e, por isso, deve receber como o mesmo amor seja os grandes que os pequenos, sejam os ricos que os pobres, os idosos que os jovens e as crianças. Afirmava que um sacerdote deve reunir em si virtudes incompatíveis, ou seja, o sentimento de sua dignidade e uma profunda humildade, um zelo ardente com grande prudência, uma doçura paciente e longânime a uma firmeza que não recua.

Demonstrou um profundo amor à sua vocação religiosa, sempre obediente aos superiores e vivendo um verdadeiro espírito de pobreza e de desprendimento e, mesmo quando se encontrava muito debilitado por causa de sua doença, preferia compartilhar, ou melhor, doar as frutas, alimentos e outros presentes que recebia aos doentes, não mantendo nada consigo porque sentia a satisfação em doar aos outros.

Diante de sua doença, sempre a aceitou com resignação afirmando que Deus lhe tinha permitido esse seu sofrimento para o seu bem e por isso oferecia as suas dores e sua vida em verdadeiro espírito de penitência. Tinha dentro de si o ardor para o trabalho missionário, contudo se resignava diante de sua precária saúde, a aceitar pacientemente a vontade de Deus.

O Pe. José Calvi foi um apóstolo entre os tuberculosos, pois seu zelo pelas almas, testemunhará a irmã Maria Pedra, que trabalhava no Sanatório nos anos em que ele ali esteve internado, era tão grande que a despeito de seu estado de fraqueza, não deixava de assistir aos doentes em agonia, ainda que fosse nas horas mais avançadas da noite. Tomado pela doença e debilitado ao extremo, não deixava de ir à capela todos os dias e isto o fará até o último dia de sua vida, para receber a comunhão, até que no dia 26 de setembro de 1943 veio a falecer serenamente.

Ainda hoje, depois de décadas de sua morte, o seu túmulo no cemitério da Água Verde em Curitiba é objeto de visita por parte de inúmeras pessoas que, ouvindo falar de sua fama de santidade, acorrem frequentemente lá para rezar, acender velas e pedir-lhe graças. No Brasil encontram-se pessoas que o conheceram pessoalmente ou que trabalharam com ele no Sanatório e dele dão testemunhos emocionantes sobre sua vida e santidade. O ex-superior geral dos Oblatos de São José, Pe. Pedro Magnone que por muitas vezes visitou o Brasil no final da década de 70, testemunha que ouvirá não apenas dos confrades de Pe. Calvi mas também do povo, a declaração de que ele era realmente um santo e que, por ao menos duas vezes, viajando de trem pelo Paraná, aconteceu encontrar pessoas que tendo conhecido o Pe. Calvi recordava-lhe como um santo. Da mesma forma um outro ex-superior geral dos Oblatos de São José, Pe. Luigi Garberoglio, o qual também foi por muitos anos o diretor espiritual de Pe. Calvi declara-o, a exemplo de inumeráveis testemunhas, que era convicto de que ele tinha levado consigo para o túmulo a inocência batismal e de que esta convicção ele a tinha justamente porque o conheceu intimamente. A sua fama de santidade sempre foi reconhecida na Itália, não apenas pelos seus confrades que com ele puderam conviver, mas também por muitas pessoas de Cortemilia, cidade onde nasceu, e até hoje se encontram pessoas que testemunham com entusiasmo a sua fascinante e santa pessoa. São inúmeras as testemunhas de graças alcançadas de Deus por intermédio de Pe. Calvi; graças das mais variadas e de diversas proveniências, seja da Itália que do Brasil. Ele deixou a terra para ir ao céu, declara Pe. Garberoglio, e esperamos que como foi para nós aqui na terra um exemplo, assim ele seja lá no céu o nosso intercessor junto de Deus do qual conservou-se sempre afeiçoado.

Fonte: http://osj.org.br/sitep0/pe_jose_calvi.shtml